Doutor, vamos embora
Mais eu dar um passeio no sertão
Mode o senhor conhecer o povo da região
Conhecer nosso irmão caboclo
Que veve arrancando toco
Os 30 dias do mês
E morando com a família
Num barraquinho sem mobilia
E comendo a o dia uma vez
Vamos ver a sertaneja preparar uma buchada
Torrar café e fazer com rapadura rapada
Vamos espiar o roçado cheio de feijão fulorado
Onde o homem do Sertão deposita a esperança
Nas fulô que se balança em cada pé de feijão
Vamo pescar na lagoa
Caçar passaro de bodoque
Aprender melar o dedo no rapé do quirrimboque
Vamos dar tapa em mutuca
Pegar lambu de arapuca
E jogar pedra em marimbondo
E vamos ver Baltazar brigando
Pra se casar com a filha de João Redondo
O senhor precisa ver numa noite de São João
A alegria de um povo que conserva a tradição
Um buscapé que amedronta
E um fogueteiro que aponta
Seu engenho para o ar
Esperando que o balão suba
10 metros do chão
Para o foguetão derrubar
E ver no patio da fazenda
20 bomba emparelhada
Ligado a um só estopim
Numa corda pendurada
1 metro acima do solo
Que nem cabaça de colo
Se balançando na rama
Que quem vê a vez primeira
Pensa que aquilo é bucheira
Num cipó ardendo em chama
E ver cair uma por uma
E na hora que o tiro zoa
Fazer buraco no chão
De caber uma pessoa
Chega estremece o terreiro
O bode fura o chiqueiro
Corre doidinho aos pinote
Tem bicho que perde as cria
E Mocó passa 15 dias
Sem apontar no serrote
Seu moço como é bonito
Conviver com esse povo
Que come um prato de fava
Com uma banda de ovo
Enrola feijão azedo
Toicim com folha de bredo
Cozido a uma semana
Bebe água de riacho
Dorme de bucho pra baixo
Forrozeia e toma cana
Enquanto o senhor se queixa
Que seu figado está ruim
Não pode comer gordura
Beber wisk nem gim
Nós enrola o que tiver
Encoivara o que vier
Pois não temos vaidade
Preconceito nem frescura
Tanto faz ser fava pura
Que nem filé de verdade
Nossos filhos são criados
Com leite de cabra e papa
A gente moi uma cana
Pega o caldo e faz garapa
E dar pros menino beber
Quando eles pega a crescer
É tudo forte e disposto
Para enfrentar o batente
E viver decentemente
Do suor do propio rosto
Aqui nós temos caboclo
Que esse amonta em burro brabo
Manda tirar o cabresto
E vira a frente para o rabo
O animal desebesta
E o caboclo franje a testa
Sem ver pra onde o bixo vai
Seu pai, Avelino Pedro Galvão, conhecido como Mestre Avelino, era cantador de coco e agricultor, enquanto sua mãe, Ana Maria da Cruz, era dona-de-casa e prima legítima do cantador Josué Alves da Cruz. Desde cedo, Chico foi imerso em um ambiente repleto de influências artísticas e poéticas.
Aos 18 anos, sob a influência do ambiente familiar e da cultura local, Chico Pedrosa começou a escrever folhetos de cordel, uma forma tradicional de literatura popular. Ao lado de seu amigo e poeta Ismael Freire, Chico cantava e vendia seus cordéis nas feiras da região, disseminando sua poesia entre o povo.
Aos 18 anos, sob a influência do ambiente familiar e da cultura local, Chico Pedrosa começou a escrever folhetos de cordel, uma forma tradicional de literatura popular. Ao lado de seu amigo e poeta Ismael Freire, Chico cantava e vendia seus cordéis nas feiras da região, disseminando sua poesia entre o povo.
Além de ser um talentoso poeta popular, Chico Pedrosa trabalhou como camelô e representante de vendas durante muitos anos. Ele também teve uma trajetória como declamador e, ao longo de sua vida, se dedicou à poesia, mantendo-a viva através de suas palavras e versos.
Chico é pai de dois filhos, Francisco Carlos Galvão e Flávio do Nascimento Galvão, e um de seus netos, Pedro Henrique, mostrou-se inclinado para a arte do avô desde tenra idade, demonstrando um elo familiar com a tradição poética.
Ao longo de sua carreira, Chico Pedrosa publicou três livros: "Pilão de Pedra I e II", "Raízes da Terra, Raízes do Chão Caboclo - Retalhos da Minha Vida", e escreveu diversos cordéis. Sua poesia foi gravada por renomados cantores e cantadores como Téo Azevedo, Moacir Laurentino, Sebastião da Silva, Geraldo do Norte, Lirinha, entre outros, ganhando ainda mais visibilidade.
Chico lançou três CDs, nomeados "Sertão Caboclo", "Paisagem Sertaneja" e "No meu sertão é assim", onde registrou a riqueza de sua poesia oral. Sua arte e talento são apreciados e valorizados pela nova geração, especialmente pelo pessoal do "Cordel do Fogo Encantado", que em seus shows declamam seus poemas, homenageando esse "poeta matuto".
Nos últimos anos, Chico Pedrosa tem participado de diversos shows, levando sua poesia para o público nacional, especialmente em grandes capitais como Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Recife. Entre suas obras mais conhecidas está o poema "Briga na Procissão", também chamado "Jesus na cadeia", que o tornou ainda mais popular e respeitado no cenário literário brasileiro.
Nos últimos anos, Chico Pedrosa tem participado de diversos shows, levando sua poesia para o público nacional, especialmente em grandes capitais como Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Recife. Entre suas obras mais conhecidas está o poema "Briga na Procissão", também chamado "Jesus na cadeia", que o tornou ainda mais popular e respeitado no cenário literário brasileiro.
